Ozempic: entidades médicas alertam para glamourização do remédio

Alan Landecker
Alan Landecker

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) publicaram uma nota conjunta, na quarta-feira (29/3), para alertar e orientar a população sobre os riscos do uso de medicamentos injetáveis à base de semaglutida sem orientação médica.

Medicamentos como o Wegovy e o Ozempic, fabricados pela empresa dinamarquesa Novo Nordisk, ganharam popularidade no último ano como uma opção rápida de emagrecimento. Fotos de “antes e depois” de celebridades que usam os fármacos rapidamente se espalharam pelas redes sociais, incentivando o uso mesmo entre pessoas sem prescrição médica.

O princípio ativo de ambos é a semaglutida, um agonista receptor do GLP-1 RA semelhante ao hormônio humano GLP-1, que age na produção de insulina e na sensação de saciedade. O Wegovy tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento da obesidade, já o Ozempic tem indicação apenas para pacientes com diabetes tipo 2.

Na nota conjunta da ABESO e SBEM, as entidades afirmam que o mau uso, uso estético ou inadequado de medicações antiobesidade, além de expor pessoas a risco sem indicação, aumenta o estigma do tratamento de quem tem obesidade.

“O uso de curto prazo de medicações para fins estéticos (e muitas vezes sem prescrição médica) deve ser tratado de forma muito distinta do tratamento sério da obesidade, que tem como objetivo a melhora de saúde e qualidade de vida”, diz.

“A indicação de um tratamento medicamentoso deve ser feita por médico capacitado, levando em conta indicações, contraindicações, tolerabilidade e expectativas do paciente, não se baseando apenas no IMC (índice de massa corporal), mas, sim, em uma ampla gama de aspectos que devem ser tratados em consulta”, afirma o texto.

Doença
As entidades também alertam que a obesidade é uma doença crônica, complexa, multicausal e de difícil tratamento, considerada um problema de saúde de proporções epidêmicas e um dos principais fatores de risco para doenças crônicas secundárias, como problemas cardíacos e derrames, e não deve ser tratada como uma escolha.

Para esses pacientes, o tratamento com medicamentos pode oferecer benefícios significativos para a qualidade de vida.

“Muitas matérias questionam a necessidade de tratamento medicamentoso, com grande potencial de piorar o estigma da obesidade ao tratar a doença como uma ‘escolha’ e a medicação como uma ‘via fácil’. Tais matérias não se amparam no que melhor existe de evidências científicas sobre a doença”, afirmam.

Tratamentos à base de remédios são indicados para pacientes com obesidade por órgãos de saúde de diversos países, sempre conciliado com estratégias de estilo de vida.

As autoridades alertam que, assim como em outras doenças crônicas, a eficácia do tratamento depende da manutenção do mesmo e é esperado que os pacientes recuperem o peso perdido caso os medicamentos sejam abandonados.

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